domingo, 18 de setembro de 2011

Quem Foi Robert Johnson??

Dando seguimento aos posts sobre os ícones do Blues, contamos agora com o olhar do Bluesman Marcio Pessoa, um Biblioteconomista que também curte muito esse nosso empoeirado Blues.
Em breve teremos novidades.

Robert Johnson


Uma das figuras mais lendárias da rica história do Blues é, com certeza, Robert Leroy Johnson,

cantor e guitarrista americano, nascido em Hazlehurst, Mississippi , oficialmente, no ano

de 1911. Digo “oficialmente”, pois existem vários registros, como documentos escolares,

certidões de casamento e de óbito, entre outros, que apresentam diferente datas entre 1901 e

1912.



Uma das histórias mais fascinantes do Blues, na minha opinião, é a que sugere que Johnson

vendeu sua alma ao diabo na encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississippi,

com seu violão e uma garrafa de whisky adulterado. Segundo reza a lenda, o diabo tomou

seu violão e afinou um tom abaixo, devolveu para Johnson que o tocou como toca em suas

gravações. Johnson fez o pacto em troca da proeza para tocar guitarra. Este mito foi difundido

principalmente por Son House, e ganhou força devido às letras de algumas de suas músicas,

como "Crossroads Blues", "Me And The Devil Blues" e "Hellhound On My Trail". O mito

também é descrito no filme de 1986, “A Encruzilhada” e no episódio 8, da segunda temporada

da série Supernatural.





Roberto Johnson é considerado por muitos como “o maior cantor de Blues de todos os

tempos”, porém, para conhecer sua música é necessário paciência. Não são todos que se

encantam com o estilo do Delta Blues, um dos mais antigos estilos do Blues. Nesse estilo,

criado na região do Delta Mississippi, que se estende de Memphis (terra de Elvis), Tennessee a

norte, Vicksburg, Mississippi no sul, e do Rio Mississippi a oeste, ao Rio Yazoo a leste. Essa área

é famosa tanto pelos solos férteis, como pela sua pobreza extrema. Guitarra e gaita são os

instrumentos predominantes da região. Os estilos vocais vão dos mais introspectivos e calmos

aos mais ferozes e entusiásticos. Além do estilo peculiar de Johnson, pesa também, o fato do

padrão técnico das gravações de sua época estarem muito distantes dos padrões estéticos e

técnicos atuais.



Robert Johnson gravou apenas 29 músicas em um total de 41 faixas, em duas sessões de

gravação em San Antonio, Texas, em Novembro de 1936 e em Dallas, Texas, em Junho de

1937. Treze músicas foram gravadas duas vezes. As duas versões de Crossroads, por exemplo,

foram registradas em Santo Antônio (Texas). Seu violão era um Kokomo, marca simples e

muito barata. De qualidade precária, não se sabe até hoje como ele conseguiu extrair das

gravações uma sonoridade robusta e, ao mesmo tempo fina, com a caixa pequena e estreita

do instrumento.



Embora Johnson certamente não tenha inventado o blues, que já vinha sendo gravado 15

anos antes de suas gravações, seu trabalho modificou o estilo de execução, empregando mais

técnica, riffs mais elaborados e maior ênfase no uso das cordas graves para criar um ritmo

regular. Suas principais influências foram Son House, Leroy Carr, Kokomo Arnold e Peetie

Wheatstraw. Johnson tocou com o jovem Howlin' Wolf e Sonny Boy Williamson II (que afirma

ter estado presente no dia do envenenamento de Johnson e ter alertado o mesmo sobre a

garrafa de whisky com veneno). Johnson influenciou Elmore James e Muddy Waters, e o blues

elétrico de Chicago na década de 1950 foi criado em torno do estilo de Johnson. Há uma linha

direta de influência entre a obra de Johnson e o Rock and roll que se tornaria popular no pós-

guerra.

Apesar de existirem diversas versões para sua morte, a que tem maior credibilidade seria

a de que, em 1938, Johnson bebeu whisky envenenado com estricnina, supostamente

preparado pelo marido ciumento de uma de suas amantes. Johnson conseguiu se recuperar do

envenenamento, mas contraiu pneumonia e morreu 3 dias depois, em 16 de Agosto de 1938,

em Greenwood, Mississippi. Outras versões dizem que ele haveria morrido de sífilis e que

havia sido assassinado com arma de fogo, porém, em sua certidão de óbito consta apenas "No

Doctor" (Sem Médico) como causa da morte.

ROBERT JOHNSON, CONVERSANDO COM O DIABO
Era quase meia noite, Robert partira para Clarksdale numa encruzilhada da rodovia 61 com
a 49 levando consigo uma garrafa de whisky adulterado e sua Dobro 1927 californiana com
velhas cordas oxidadas a ponto de rasgar os dedos. A fumaça de seu Lucky Strike Bull´s Eyes
cortava o espaço nebuloso quando um bend escandaloso fora cuspido de uma velha gaita
cromada. Era Thomaz.
Robert continuara a estória assegurando que quando desejou seguir Son House por
Robunsonville, este o esnobou certa vez num café, ao lado de Willie Brown. “Aquilo nunca foi
nem será blues, ele veio me procurar, disse que me seguiria onde eu fosse, coitado, o garoto
não tem talento Wil.”
O final todos conhecem, Thomaz toma o violão empenado de Johnson e o afina um tom
abaixo, a tensão das cordas se foi e o que ouvi depois foi um mi maior afrouxado seguido de
uma pegada densa, arrastando um riff pesaroso caindo para um lá maior, tensa mas singela,
o contraste da chegada na quinta da harmonia foi um repouso melódico para depois voltar
com mais vivacidade na nota principal. Nada de solos impertinentes, obviedade na execução.
Tocava como um demônio!

Curtam a seguir o bom e velho Robert Johnson, de corpo e alma (do diabo ou não...rsrs), com
Crossroad Blues...um dos meus blues favoritos!!!



Obrigado Marcio Pelo Post.
BFBS

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